Acolher
é aceitar – não resistir, somente Aceitar
Abrir-se
Permitir Soltar-se
Deixar
ser como parecer ser - Corajosamente, não interferir!
Hoje é um dia para exercitar a coragem da Permissão.
A tudo hoje eu permitirei à vida se mostrar.
Deixarei ela me conduzir, evitarei definir um rumo, evitarei controlar.
Somente Acolher - a tudo que acontecer, direi Sim.
‘ACOLHO ACEITO CONFIO, EM PAZ PERMANEÇO’
Quando
o peito aperta, a respiração trava, a tristeza se faz presente, a raiva sufoca,
a mágoa pressiona, a desesperança aniquila, é tempo de ajoelhar, prostrar-me à
Terra, entregar-me e aceitar humildemente que nada sei, permitir que entre a
Luz nesta minha rendição! Acolher o que vier - lágrimas, dor, desamparo,
carência – neste momento não existe espaço para compreensão alguma.
É na entrega absoluta de
controle que eu permito que a Reparação aconteça – permito que o Divino se
manifeste e me coloque novamente no Caminho, em sintonia com os meus propósitos
de alma. Só é preciso um instante para o milagre acontecer. Um instante de Entrega, um instante de Presença, um instante de total
Comunhão. Nesse instante santo a Perfeição Divina encontra ressonância e
reverbera em mim e em tudo a minha volta.
Hoje
eu acolho que nada sei, que não tenho necessidade de saber e que tudo o que
acontece surge como uma oportunidade para saber mais sobre quem eu sou. Vou
observar minhas reações e evitar reagir, vou desistir de qualquer análise ou
julgamento sobre o que acontecer.
Essa
parábola de Buda ajuda a compreender que nunca há necessidade de reações, de
confrontos, de brigas ou discussões. Compreendi com ela que reagir às situações
era um equívoco que eu precisaria abandonar o ímpeto de reagir, para prosseguir mais eficazmente em
meu propósito pessoal evolutivo:
Buda estava sentado
embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos quando um homem se aproximou
e lhe deu um tapa no rosto. Buda esfregou o local e perguntou ao homem:
- E agora? O que vai querer me dizer?
- E agora? O que vai querer me dizer?
O homem ficou um tanto confuso, porque ele era acostumado a insultar as pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes, sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era nem uma coisa nem outra; ele não ficou com raiva nem ofendido, nem tampouco foi covarde. Apenas foi sincero e perguntou: "E agora?" Não houve reação alguma da sua parte.
Os discípulos de Buda
ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais próximo, Ananda, disse:
- Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então todo mundo vai começar a fazer dessas coisas.
- Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa sobre mim de alguém, pode ter formado uma ideia, uma noção a meu respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa ideia a meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender?
Se vocês refletirem
profundamente, continuou Buda, ele bateu na própria mente. Eu não faço
parte dela, e vejo que este pobre homem tem alguma coisa a dizer, porque essa é
uma maneira de dizer alguma coisa: ofender é uma maneira de dizer alguma coisa.
Há momentos em que você sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo,
na raiva extrema, no ódio, na oração.
Há momentos de grande
intensidade em que a linguagem é impotente; então você precisa fazer alguma
coisa. Quando vocês estão apaixonados e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que
estão fazendo? Estão dizendo algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva
intensa, vocês batem na pessoa, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele
deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: "E agora?"
O homem ficou ainda mais atordoado e confuso! Foi para sua casa e naquela noite não conseguiu dormir.
O homem ficou ainda mais atordoado e confuso! Foi para sua casa e naquela noite não conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, o
homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De novo, Buda lhe perguntou:
- E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa que não pode ser dita com a linguagem.
O homem olhou para
Buda e disse:
- Perdoe-me pelo que fiz ontem.
- Perdoe-me pelo que fiz ontem.
- Perdoar? – exclamou
Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você fez aquilo. O Ganges continua
correndo, nunca é o mesmo Ganges de novo. Todo homem é um rio. O homem em quem
você bateu não está mais aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o
mesmo; aconteceu muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu
bastante. Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você.
E você também é outro,
continuou Buda. Posso ver que você não é o mesmo homem que veio aqui ontem,
porque aquele homem estava com raiva; ele estava indignado. Ele me bateu e você
está inclinado aos meus pés, tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem?
Você não é o mesmo homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o
homem que bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. Venha cá.
Vamos conversar.
Trecho baseado no
livro Intimidade: Como Confiar em Si
Mesmo e nos Outros / Osho – São Paulo, Cultrix,
2006
‘ACOLHO ACEITO CONFIO, EM PAZ PERMANEÇO’
Lucy Strada - www.psicomatriz.com.br