O Ser Integral Significado no
Local de Moradia
Carl Gustav Jung (1875-1961) dedicou boa parte da sua vida no estudo da
consciência humana que também é o objeto de estudo da Psicologia Transpessoal
ao conceituar o Ser Integral.
Para Jung cada fase de evolução da consciência é acompanhada por um
símbolo, para ele o mecanismo que transforma a energia é o símbolo. Nesta base teórica ancoramos as significações universais ou arquetipais
referentes ao local de moradia para impulsionar uma transformação da
consciência pessoal.
O envolvimento de Jung com a alquimia e a influência
dos estudos do seu paciente, o físico Wolfgan Pauli, sobre a mecânica quântica,
levaram ambos a concluir que existe um outro nível, que não é material nem
psíquico, por detrás tanto da matéria quanto da psique.
A mecânica quântica considera que a matéria pode estar em mais de um
estado físico ao mesmo tempo. E neste ponto se aproxima
do conceito de sincronicidade. Jung desenvolveu esse conceito para definir acontecimentos
que se relacionam mediante mesma significação, não por causalidade.
De acordo com os conceitos de Jung, a sincronicidade acontece quando a
realidade psíquica e a realidade física se encontram. Eventos sincronísticos
fizeram com que ele definisse arquétipo
como algo mais do que um fenômeno psicológico, também um modelo padrão que
pertence à própria realidade e que pode tanto afetar a psique quanto a matéria.
Acontece a sincronicidade
quando eventos ou situações específicas coincidem num padrão significativo. A partir da compreensão espontânea desse fenômeno,
que passa longe da via mental, pode-se ter revelações instantâneas. A isso Jung
denominava ‘insight’. Conclui-se assim que eventos sincrônicos entre corpo e psique
podem oportunizar insights de evolução pessoal.
Neste substrato que existe por detrás da matéria e da
psique, num estado indiferenciado de energia, se localizam os arquétipos, esse
é o nível da psique coletiva.
Arquétipo pode ser compreendido como as ideias de um primeiro modelo ou
imagem de alguma coisa, um padrão original que contem todas as coisas
existentes mas que não possui forma fixa ou pré-definida.Jung usou esse termo
para conceitualizar estruturas que servem de molde para a expressão e o
desenvolvimento da psique, a partir de “imagens primordiais” que existem desde
os tempos mais antigos.
Nas
palavras de Jung:
“Existem
tantos arquétipos quantas as situações típicas da vida. Uma repetição infinita
gravou estas experiências em nossa constituição psíquica, não sob a forma de
imagens saturadas de conteúdo, mas a princípio somente como formas sem conteúdo
que representavam apenas a possibilidade de um certo tipo de percepção e de
ação.” [1]
Jung dizia que o inconsciente traz conteúdos internos para se expressar
sobre as situações externas mediante um gatilho de projeção, sem a participação
do ego.
Neste processo de projeção acontece uma conexão direta entre o conteúdo
psíquico e o objeto ou situação que serve à projeção e desta forma é possível
perceber, interpretar ou traduzir conteúdos inconscientes que oportunizam uma
evolução da consciência.
Segundo Ken Wilber a psique é reconhecido no nível do ego, a integração
psique/soma é trabalhada no nível existencial, no nível transpessoal a pessoa
pode experimentar e reconhecer em si mesmo experiências psicoespirituais mais
amplas. E no nível da mente, que para ele expressa a unidade, a Consciência
une-se com a energia básica do Universo.[2]
Na Abordagem Transpessoal a busca é do despertar da Consciência, aqui
ancorada mediante integração dos elementos do eixo experiencial (razão, emoção, intuição e
sensação).
Numa interpretação simbólica da casa encontra-se um recurso de expansão
da consciência mediante interpretações de conteúdos psíquicos uma vez que todo
símbolo exprime projeções inconscientes. Na relação de totalidade com o mundo,
o habitar humano constitui sua característica essencial.
Quando
olhamos efetivamente para a nossa casa podemos entender mais sobre nós mesmos,
na atividade de habitar podemos nos aproximar de nossa essência, alcançar a
plenitude do nosso verdadeiro ser. Habitamos a nossa casa antes de habitarmos o
mundo.
A
prática de olhar atentamente para o interior deste espaço de moradia com o
objetivo de descobrir-se projetado nos próprios gostos, decoração, estética
pessoal oportuniza um processo de trazer à consciência características íntimas
que nos aproximam da totalidade do Ser.
Lucimara Stráda - nov/12 - www.harmonizare.com.br
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